sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

NOVO ANO VELHO


Chegamos ao fim de um ano e talvez pela
primeira vez eu não consiga vislumbrar coisas positivas para o seguinte. Eu poderia, por mim, sentir-me tranquila. Afinal, já carimbei meu futuro pelos próximos anos fazendo o que mais gosto e dá sentido a minha vida. Antes fosse egoísta e conseguisse não pensar nos dias cinzentos para tantos. Nas nuvens pesadas e ameaças de tempestades para todos aqueles que não tiveram os privilégios que tive. Pensasse apenas em mim, sairia deste barco antes q ele naufragasse. Antes que a sede por dinheiro, sob o pretexto de matar a fome, liberasse, sem controle, os agrotóxicos para os pratos. Antes que o avanço da exploração dos recursos minerais, tomasse como câncer o pulmão do planeta, a Amazônia. Antes do genocídio dos índios, antes da extinção da cultura, antes da perseguição política aos que ousam ser oposição. Antes. Deixo aqui meu desabafo de um ano novo com gosto de velho. Um saudosismo do que nunca vivi além das leituras e se vivesse, não teria saudade... Um sentimento que de tão impróprio, é retido numa mordaça. Parafraseando Nietzsche, estamos todos caindo no mesmo abismo. A diferença é que uns gritam, outros dançam. Como diria Raul, "é pena não ser burro, não sofreria tanto". Vai ver q estivesse até dançando agora...
No mais, feliz 1964 para todo mundo.

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