E no final de tudo, lá onde o sol se põe para nunca mais nascer, lá onde o canto dos pássaros vai ficando baixinho até se perder, lá onde o abraço ficou vazio e o choro é rio afogando o rosto, lá onde a memória se perdeu porque o sopro de vida acabou, o que fica para tantos é apenas um lugar. Para outros, um espaço. E aqueles que são espaço, nunca se ausentam por completo.
O lugar é demasiadamente pouco. Um canto pequeno. Quadrado, estreito, limítrofe, comportado. Comporta um tempo finito e que pode ser ocupado. Ocupado por outro corpo.
Lugar tem endereço e tem direção.
Um sai outro chega e acabou também o lugar. Ontem estava aí, hoje não estou mais. Amanhã estarei acolá e de lugar em lugar, um senta outro sai, o que saiu deitou na areia, saiu e outro veio. Subiu no ônibus, estava cheio, não tinha lugar, ficou em pé, já ocupou lugar. Um saiu, cedeu lugar, o outro sentou, não tem mais lugar.
Um cala e tira sua voz do lugar, outro fala e agora o lugar é da outra voz.
Não, não, não! Não lute para ocupar um lugar!
Poupe as energias para ser maior que o cantinho que se perde e ganha. Que agora é, e num é pra já, já não é mais.
Ocupe espaço!
Vamos, seja motivo do motivo de alguém! Dissipe luz em seu sorriso de modo que aquele que ocupa um lugar sinta vontade de dissipar essa luz também a outro. Preencha o lugar com o sorriso, ocupe o canto de sentimentos.
Ensine sem palavras, que boas energias ocupam espaço.
Seja o espaço o seu lugar!
E lá no final de tudo, onde nada mais restar, você permanecerá no amor que deixou nos lugares que passou.
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