sexta-feira, 8 de abril de 2016

E QUANDO VOCÊ DIZ QUE GOSTA?

E quando você diz que gosta? Gosta do sujeito ou do objeto que ele lhe permite usufruir? Gosta da pessoa ou da utilidade dela?
O sentimento reside no silêncio. O sentimento se mostra na inutilidade do ser que se ama.
Tudo mais que é útil, é meramente função. Falha, acaba, sucumbe, morre.
A utilidade sempre cairá em obsolescência. A vida começa a acabar quando se começa a viver e você faz uso dela e do outro enquanto estão disponíveis.
Abusa do outro enquanto lhe é permitido, enquanto lhe parece interessante, enquanto lhe é, senão, útil.
E se você descarta um por qualquer oferta mais interessante, também assim lhe é lícito. Afinal o mercado está cheio de oportunidades de consumo a uma sociedade que nada mais quer senão, consumir. Consome coisas, consome pessoas, consome ela mesma. E destrói.
Por não saber o que era uso e o que era essência, vai destruindo coisas, pessoas, ela mesma...
Mercadoria deu defeito, troca. Quebrou, compra outra. Um telefone não atendeu, liga pra outro. Demorou a responder? Chama o próximo. O papo ficou chato? DELETA! 
Nessa indústria, ridículo mesmo é quem acredita que é importante para alguém de si mesmo.
Doido nesse mundo líquido, é quem se atreve ser normal e tratar pessoas como sujeitos e coisas como objetos.
Rica sou eu: ridícula e doida.
Feliz até.

(sozinha. quando não, útil)

Nenhum comentário: