sexta-feira, 18 de setembro de 2015

DECADÊNCIA

Eu queria gritar, mas minha garganta dói.
Estuprada e dilacerada porque no fundo aí reside minha essência.
Se me perguntam porque não estou feliz eu digo que não aceito minha condição de estar.
Mas não. Não de estar. Na verdade não aceito ser.
Ser para quem?
Para Heidgger o ser para o outro, para o mundo, para o eu.... Para mim, ser para morte tão somente. Para o além. O além-mundo, o além-ser. Nietzsche, valei-me!
Além desse mundo, além dessa vida.
Nada me causa satisfação, no entanto tenho tudo.
Em um paradigma positivista, eu deveria ser feliz. Mas, nunca fui muito de escalas e sempre preferi o que é subjetivo, o que está nas entrelinhas. O regressivo não no caráter numérico fatorial, mas no que reduz o ser ao nada ser e nunca ser e morrer sem ser.
O que exige esforço para ser inteligível. O que poucos conseguem decifrar.
Eu!
Quem me decifra?
Eu?
Não.
Quem?
Espermatozoide maldito esse que se uniu ao óvulo de minha genitora dando origem a mim: um ser problemático para a genitora e genitor! Para o mundo, principalmente.
É difícil para quem convive comigo.
Em termos quantitativos mais difícil para você que pra mim.
No interpretativismo, mais difícil para mim.
Pois um dia você encontrará alguém sadio e eu, sucumbirei na doença de existir e ser quem eu sou, mas sem saber quem.
E se é.
E se um dia será.
Ou se sou, se um dia serei.

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