terça-feira, 15 de setembro de 2015

CRÍTICAS SÃO BEM-VINDAS, DERROTAS SÃO NECESSÁRIAS, JUSTIÇA É FUNDAMENTAL¹

Horas após receber a reprovação de um artigo, proponho-me a estender a discussão que, parafraseando o avaliador "pode ser interessante". Para que fique mais claro para o leitor, enviei um Ensaio Teórico que foi reprovado por não apresentar uma pesquisa de campo. 

Quando decidimos seguir carreira acadêmica logo cedo aprendemos que nossa decisão deve estar submissa a um sistema. Se a decisão for movida por sonhos, motivações intrínsecas e ideais de contribuição para um diálogo mais estreito entre Academia e Sociedade; logo vai esbarrar em um ambiente que por vezes é hostil e oprime os valores subjetivos quando nos obriga a crescer em números em detrimento da qualidade.

Hoje publicar no Brasil é receita de bolo. Ingredientes não ousados e em medida correta. Basta você acrescentar algo fora do previsto ou mudar a marca da farinha que estará sujeito a ter seu resultado final prejudicado. 

Mas esse não é o único problema. 

Não obstante a termos que lidar com um sistema onde só cabe quem lhe cabe, que limita a retórica ao que se julga produtivo e exige padrões e  formas muito mais que conteúdo; é necessário, também na Academia sermos políticos. E se você não tem um lattes suficientemente extenso para criticar, contente-se em receber calado suas críticas e elogiar qualquer um que tenha um lattes superior ao seu, ainda que siga a mesma receita de bolo. Quiçá, torne-se amigo e proponha parcerias! Um dia você explode nas paradas do sucesso e vai seguir reproduzindo o mesmo discurso que acreditou um dia, ser capaz de mudar.

As críticas são bem-vindas porque nos fazem crescer. Uma crítica bem elaborada contribui bem mais do que os aplausos unânimes de quem não expande o olhar para o outro lado da situação. São as críticas que nos faz superar nossas limitações e crescer em qualquer aspecto da vida. Não seria o que sou hoje e não escreveria como escrevo, não fossem as críticas bem fundamentadas. Ao mesmo tempo, seria mais do que sou, tanto quanto recebesse mais críticas do que já recebi.

As derrotas são necessárias porque nos remete à humildade de reconhecer que não se vence a todo momento. Até aquela tristeza por não ter conquistado o ideal, faz parte no processo de construção e maturidade do ser humano. Tantos sofrem com suas derrotas pelo ideal não concretizado, pela expectativa frustrada, pela demissão do emprego, pelas reprovações nos artigos... Acredito que aquele que nunca foi derrotado, certamente nunca lutou por um objetivo e ainda não aprendeu a viver.

Mas nada é mais fundamental que a justiça. Responsabilidade, integridade e justiça. 

Responsabilidade porque ao criticar deve-se estar ciente das consequências do parecer. Assim, é mister ser responsável na apreciação, uma vez que o trabalho é mero objeto e as críticas a ele implicam intervenção do autor, que por acaso, ainda é um sujeito.

Integridade porque se não há competência para avaliar algo, deve-se assumir isso e solicitar que outra pessoa o faça. Isso está intrinsecamente ligado à inteligência. É pena que devido o anonimato muitos corram o risco de levar para o túmulo sua ignorância.

Justiça porque as críticas perdem o sentido se não vierem sob olhar responsável. Ser derrotado pela crítica de alguém que não foi íntegro e humilde o suficiente para admitir suas limitações em avaliar, não enriquece a vida de ninguém. Antes, silencia a voz dos que já estão quase roucos de gritar por mudanças.

E a vida segue.


Nenhum comentário: