segunda-feira, 14 de setembro de 2015

DAS SURPRESAS - BOAS.

É bem certo que essa semana começou bem para ela. A moça de olhar triste e cabisbaixo, que tem a péssima mania de se culpar por suas dores e também pelas suas, sorriu largamente e deu seu abraço mais sincero ao rever um amigo querido.

Mas ele acreditava que quando a reencontrasse ela estaria desfalecendo em tristeza. Mas estaria instalada a primeira contradição: reencontrá-lo e esboçar tristeza. Não. Ela é honesta demais para ficar triste diante de uma surpresa – boa.

É bem verdade que ela segue sua vida cumprindo tarefas e acreditando que o motivo que a conduz não é motivador, mas obrigatório; contudo ainda se surpreende com os pequenos instantes que a vida lhe oferece surpresas – boas. Hoje foi um desses dias. Por assim dizer, a semana de pequenos instantes de grandes alegrias e de surpresas – boas - começara na noite anterior e hoje, ora! Vê-lo assim, vestindo uma camisa da cor da alegria e poder abraça-lo, foi um presente e uma surpresa - boa!

Se a lógica da vida dela desfez toda cálida impressão de ser feliz; a lógica do universo refaz todos os dias a genuína certeza de que não existe mesmo felicidade plena.  O que remete a inevitável primeira contradição, pois certezas não são cálidas. Contradição como ela é contraditória. Dentro dela poucas coisas estão estáticas. Quase todas esteticamente estáticas, mas poucas. Música, Literatura, Filosofia, Arte e Peter Pan. Quase tudo o mais oscila.

O amigo que ela encontrou hoje, talvez nunca venha a ser amigo suficiente para saber todo emaranhado complexo que compõe a vida dela (alguém sabe?), mas ele guarda uns escritos que talvez sejam menos fictícios do que ele supõe.


Depois dos tempos do dia dela se aproximarem do fim, ela interrompe suas atividades para debruçar-se em reflexões. A palavra do dia foi pertinente, assim como o próprio dia foi. Os tempos foram cumpridos com sucesso, as atividades foram produtivas. E ela... Que estranha e boa característica tem: moça de poucos amigos, mas que tem os melhores porque têm sensibilidade e ela, sabe que  eles, poucos, serão para sempre.

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