terça-feira, 9 de junho de 2015

PELO MAL QUE VOCÊ ME CAUSOU

A moça meiga que um dia era flor e se flor...
Perdeu a meiguice no olhar e assim, como se o amor fosse vento,
Como se fosse poeira em uma casa velha esquecida,
Dissipou, partiu, varreu, morreu, voou pra longe;
Pelo mal que você me causou.

De tantas bocas que tinha a noite,
A única que tinha língua feriu pra sempre quem pra sempre amara,
Agora sou dor. Espinho que machuca quem de mim se aproxima.
Ferida, corte, pedra no caminho, topada que sangra;
Pelo mal que você me causou.

Procuro quem vai me ouvir e só me restam as paredes.
Duras, imóveis, frias, perenes, estáticas, quase eu, paredes.
E que ainda valem mais que eu, pois me apoiam enquanto choro e desabo em dor.
A dor de hoje não ser mais humana, antes monstro;
Pelo mal que você me causou.

No ápice do meu desespero, tenho paúra em pensar,
Um ser mutante assim sem fé, sem afeto, sem motivos, sem forças de ser,
Um olhar ermo no mundo, perdido em inócuo labirinto,
Sendo razão do sofrer de quem deveria ser contentamento e amor como sempre foi.
Assim vivo hoje, pelo mal que você me causou.


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