Quando olhou pela janela, seu incontentamento foi ainda maior. Para onde iam aquelas árvores apressadas que corriam para o passado? O trem passava por elas ou elas passavam pelo trem insistindo em ficar sempre atrás enquanto tudo levava para frente?
O trem apitou. Era a última estação. Naquele ponto, deveria-se decidir qual rumo tomar e a menina podia pegar o trem que ia em direção ao futuro ou ela podia pegar o trem que a levaria de volta para o mesmo ponto. Ela sempre fazia isso. O ponto anterior era conhecido e ela sabia bem o que a aguardava lá. O ponto futuro era cheio de incertezas. Ninguém pode saber o que espera a menina mais a frente. E alguma coisa atraía a menina como um imã para voltar ao mesmo ponto.
O mesmo ponto é o ponto do aconchego. O ponto da juventude, dos bons amigos, conversas tolas e gargalhadas vãs. É o ponto que a deixa em destaque dos demais pois ela já viveu aquilo e sabe onde vai dar. A única diferença é que todos ao seu redor passam do ponto que ela conhece e abraçam o futuro, enquanto ela não se permite segurar na mão do desconhecido.
Ah, menina! Do que você tem medo? O seu tempo passou, está na hora de mudar de trem e não é para aquele que te leva de volta ao ponto inicial. O tempo passa para todos e daqui a pouco, os que estão contigo hoje compartilhando dos teus risos e dores estarão em outro momento, sequenciando suas vidas e você vai voltar e continuar buscando novamente os mesmos risos, dores e prazeres que você já experimentou, apenas em outros rostos.
Olha pra frente, menina! Invista na persona que você é. Na profissional que você se fez. Eu confio no seu potencial; experimente confiar também e deixe que o trem te conduza ao futuro.
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