Caros leitores, eu acredito
que espero mais ansiosa que vocês pelas quartas-feiras, para nos encontrarmos e
eu ter o rico privilégio de ler os comentários que vocês fazem. Cada crítica e
cada elogio me fazem desejar apresentar sempre o melhor a vocês. Semana
passada, falei um pouco sobre a depressão e hoje quero tratar do ponto máximo
que a doença mental pode levar o indivíduo, o suicídio.
A palavra “suicídio” pode
soar muito pesada, principalmente quando pensamos nas consequências do seu
significado. Alguns consideram covardia, outros, coragem, mas poucos conseguem
refletir sobre o real motivo que leva algumas pessoas a pensar ou mesmo cometer
tal ato. E o que você tem a ver com isso? O suicídio é uma das primeiras causas
de morte de jovens no Brasil; dados recentes mostram que 26 brasileiros cometem
suicídio por dia, mas ninguém quer falar sobre esse assunto. Na obra de Bertolote “O Suicídio e sua Prevenção” (Ed.
Unesp), observamos a terrível estatística que mostra que o aumento proporcional
na taxa de suicídio no Brasil nos últimos 25 anos é maior do que o crescimento
da média populacional.
O que eu observo
quando acompanho jovens que pensam em suicídio revela que 90% deles padecem de
uma dor muito profunda e não veem saída. Quando eu pergunto por que eles querem
morrer, respondem que não tem nenhuma solução, que todas as tentativas de ser
feliz se esgotaram e que não existe mais esperança. Então eu pergunto se caso
houvesse uma resposta e um antídoto para matar a dor, ele gostaria de continuar
vivendo e é quase unânime ouvir um sim. Logo é fácil concluir que quem comete
suicídio, não quer deixar de viver e sim, deixar de sofrer. Querem matar a dor,
não o ser.
Por constatar
essa realidade, a OMS estimula países onde a taxa de suicídio é alta, a
realizarem campanhas de prevenção ao suicídio. Na verdade o tema ainda hoje é
tabu até mesmo para profissionais de saúde que evitam utilizar este termo,
usando eufemismos desnecessários para referir-se à dura realidade.
Ser feliz está
na moda. As redes sociais e os anúncios de televisão estão repletos de
felicidade e isso não é errado. O erro está em estabelecer um padrão de
felicidade que por vezes está fora da realidade. Parece que hoje todo mundo tem
a obrigação de estar sempre bem, sempre sorrindo, sempre feliz, sempre
segurando uma máscara para agradar a sociedade enquanto por dentro há um
conflito terrível entre dois gigantes lutando para vencer e, infelizmente, no
caso dos suicidas, vence o gigante do mal.
Sugiro a você
que você alimente o gigante do bem que está dentro de você dos que estão à sua
volta. Você pode ser um agente de prevenção ao suicídio e colaborar para que as
pessoas consigam vislumbrar as respostas que precisam para erguer a cabeça e
entender que não é o fim. Afinal, como diria o poeta “o único fim da esperança,
é a morte”, pelo menos nesse mundo.
Como posso ser
um agente de prevenção ao suicídio? Meus queridos, muito mais do que
substâncias que retardam a atividade cerebral tratando das diversas
enfermidades emocionais, a conversa ainda é o melhor tratamento para pacientes
nestas condições e esta constatação não é minha, é da ciência! A maior parte
das pessoas que cometem suicídio é composta de pessoas solitárias,
introspectivas, de poucos amigos, tímidas, discriminadas nos grupos por
características “diferentes”. O que converge para o mesmo ponto é: todas
precisavam ser ouvidas. Por esta razão, não é raro encontrar longas cartas de
despedidas onde a pessoa antes de morrer, escreve tudo o que gostaria que
alguém a tivesse ouvido falar.
Você não precisa
de um diploma para dedicar parte do seu tempo a ouvir alguém que lhe parece
triste, que se isola dos demais ou que está enfrentando algum trauma físico ou
emocional. Um dos maiores problemas do mundo moderno é que muitos querem falar,
mas poucos querem ouvir. É preciso saber calar diante da dor do outro e deixar
que o coração dele fale. E quando as palavras não puderem sair, fale com seus
olhos e escute com o coração. Abrace a pessoa longamente e sinta a alma dela de
modo que através de seu abraço você consiga ser um instrumento de paz que ela
precisa tocar naquele momento.
Publicado em: Jornal de Caruaru
Publicado em: Jornal de Caruaru
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