Haverá um dia em que todas as fugas serão inúteis. Haverá um momento em que todas as doses serão insuficientes para aplacar a dor de viver. Haverá um dia em que todo o amor dentro de você perguntará a você e a si próprio o que ainda faz ali. E neste dia, até o amor irá te abandonar.

Tudo seria diferente e foi. A cada dia um mal pior até não restar nada. Nem pior nem melhor, nem bom nem mau. Apenas o nada. O nada que nada preenche. A surdez que não permite ouvir os gritos de sobrevivência. A mudez que impede gritar por socorro. Nem prazer nem dor. O nada.
E neste dia, descobrir-se-á que todo o vazio ocupa um espaço imenso. Que seu corpo é pequeno para conter em um ser o vazio e o nada dentro de alguém que se esqueceu de si, que se abandonou após os abandonos, que se desacreditou após as decepções, que se autodestruiu para si a cada tentativa de salvar a si mesmo. Que foi assassinado pelo desamor de quem acreditava amar.
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