quarta-feira, 1 de março de 2017

"AMOR"

Alguns remédios para dormir e impedir o desespero de lidar com quem tanto me "ama".

Pondero visitar o psiquiatra. Quem sabe ele prescreve um combo de como se acostumar com o "amor" que te coloca uma coleira e que permite você ir até onde ele quer e ainda assim, fazendo barulho para saber exatamente onde está.

Que sina então a minha! Ser amada com tão grande "amor" que me impede de viver, mas me permite sonhar. Já que acordada só resta a frustração por não poder ir em busca dos sonhos, melhor mesmo estar em sono por todas as horas o quão for possível. Tenho certeza que sob efeitos de medicamentos potentes, esse "amor", por "amor", me deixa dormir. Afinal, sempre fui tão frágil!

É confortável para o "amor" me ver sempre por perto. O "amor" sabe exatamente como eu tenho que viver. O que eu preciso comer, o que eu posso beber, para onde eu devo ir. O "amor" sabe o que é melhor para mim. Ele sabe quando é dia de descansar. Sabe a hora que devo acordar, o deus que devo adorar, com quem posso conversar e como devo me vestir.

O "amor" fala comigo assim, num tom de compaixão. Se eu reclamo, o "amor" me faz sentir estúpida. Sou insensível e desumana. O "amor" me ama tanto, que me isola até de mim. 

Não existe amor que enfrente esse "amor" que se apossou de meu futuro e desenhou o meu caminho.

É, "amor", você venceu. Infelizmente, não tinha concorrentes. O que me resta são almas, agradecidas por eu ter sido maravilhosa e que sempre vão lembrar como um dia lhes fui útil quando não estava sob o domínio do "amor".

Sem nenhum amor de fato que enfrente todo esse "amor" que sou alvo, eu me entrego. Pode exibir a todos o seu troféu, representado por todas as conquistas que desbravei no tempo que ousei viver longe do "amor". 

Aliás, desconfio que a distância de um "amor" assim, chama-se vida. E no fundo me sinto bem, ter resistido e vivido até aqui, mas agora, sou oco. 

Oco na oca do "amor", sem amor.

Nenhum comentário: