sexta-feira, 30 de setembro de 2016

A FALTA QUE FAÇO A MIM

Se eu te faltasse um dia, eu não faria mais falta do que faço hoje a mim. 
Porque ainda que tantas vezes eu abra mão de minha paz para que você tenha paz, recebo como resposta o seu obrigado. E a mim, cabe pedir desculpa por te dar tudo isso sem você pedir.
Por tantas e tantas vezes eu me conformo em catar migalhas que sobram de uma refeição e te digo obrigada pelo quase nada que me faz esquecer do quase todo vazio minha vida. Você me pede desculpas pelo pouco e eu ignoro que para você sempre esteve muito claro o meu papel.
E quantas vezes eu desmarquei compromissos para me comprometer com as lágrimas derramadas por você pelas promessas não cumpridas, por grosserias e insinuações.
Quantas vezes eu me disse nunca mais por pensar que em mim ainda existia terra boa para fazer florescer uma vontade. Quantos instantes duram o nunca mais na vida que está acoplada a outra vida para sempre?
Deve ser muito bom ter alguém como eu na vida. E eu sei que nunca terei alguém assim. Não sou alguém como eu sequer para mim mesma, porque você me roubou de mim. Mas o pior não é eu não existir em mim, o pior é saber que quem me roubou o fez por fazer, não se preocupou com consequências. Sequer pediu licença. E porque o fez sem pedir, eu peço desculpas pelo que doei e recebo um obrigado pelo que foi doado. 
Mas se eu faltar, não faz falta. Eu faço uma falta danada mesmo é para mim. Porque um dia, eu me fui tão essencial e hoje essencialmente não sou. Estou. 
Estou alerta. Pronta a afastar a menor sombra do que possa te fazer sofrer.
Desculpas por isso e não me diga obrigado. 
Guarde toda educação para te manter de pé diante da vida que você escolheu viver. Quem sabe um dia você não se esvazia totalmente de você e acaba sendo preenchido pela obrigação de sempre agradecer a quem você não deve nada.

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