quarta-feira, 1 de junho de 2016

UMA IDIOTA, MEDÍOCRE E ARROGANTE NO MEU CAMINHO. (EU)

Nunca lidei bem com elogios. Querer ser reconhecida pelo meu esforço sempre me pareceu mais justo.
No entanto, que esforço? Por mais que eu faça, mais medíocre sou. Nunca consigo ir além ou apresentar um resultado digno de nota. Sempre fui mais poeta que cientista. Sempre duvidei de tudo o que se tem prova. De toda exatidão, do que serve aquela lógica? Perguntas que me levavam a perscrutar o início do início de tudo. Da origem dos antepassados. Se o assunto era história, eu pensava em como pensava o povo daquele lugar. Era um pouco de vontade de estar naquele tempo. Uma saudade de uma época que não vivi. Que nunca viverei.

Avessa ao futuro, menos por medo e mais por saudosismo. O passado sempre me pareceu mais interessante. A base era tão perfeita... A arquitetura do mundo que temos hoje, tinha tudo para ser harmoniosa. Mas esse acabamento destrói toda a poesia.

É como um texto mal finalizado onde o ponto representa um ego. E assim vence quem tem mais papel. Seja ele dinheiro ou diploma. 

Hoje eu olho para Bandeira... Sim, o Maneca! Vejo ele de forma menos romântica que o via no colegial. Acho que parte do que temos hoje é culpa da Arte Moderna. Foi lá, brigando se o pai foi rei ou não foi¹ que se erigiu essa ruína. Ruína de letras, de sentimento e de gente.
Saudade mesmo era de quando a luz era por candeeiro. Lembra?
As famílias sentavam-se à mesa naquela mesma hora e celebravam a refeição. Lembra quando os casamentos eram pra sempre? O marido saia de casa pra trabalhar, eles se tratavam por "queridos", porque eram mesmo! Ninguém discutia aborto. Não era errado querer preservar a vida.

E a saúde dessas pessoas?

O mal era a pneumonia. Certo, tudo bem. Podia ter parado com a invenção da penicilina. Mas os relatos não contavam com o câncer. Determinadas doenças são tão moderninhas que dá raiva de ser.
Aí hoje, curados da pneumonia, as pessoas leem mais livros de vlogueiras que da nossa literatura clássica. Pois é. Culpa do cof cof e do pneumotorax². Antes morrer de pneumonia. Ou suicídio.

Sem contar que no passado, quando alguém fugia à regra do que era tido como verdade, era visto como revolução científica. Hoje é visto como arrogância e acaba sendo ridicularizado por quem tem mais... Papel. O sinal está fechado pra nós que somos jovens. E para sempre estará.

Venho de um tempo onde os grandes mestres, ensinam seus humildes discípulos a serem um dia mestres como eles. Infelizmente aterrizei em um tempo onde os grandes mestres são cotados pelos títulos e um nível de arrogância que os permite desmoralizar o jovem discípulo sem nunca ensinar a ser como eles.

Pensando bem... Ainda bem, né? Porque nunca quis ser como eles!

Permaneço em minha mediocridade. Acadêmica, mas nunca humana. Estou aqui pra quem precisar de mim! Se precisar de um modelo perfeito, de um gênio no caso, esfregue a lâmpada. Mas não me deixe pior do que já estou atribuindo a mim uma responsabilidade de ser o que nunca fui e o que nunca serei. Por incapacidade de ser, inclusive.

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¹Poema "Os Sapos" de Manuel Bandeira, declamado na segunda noite da Semana da Arte Moderna.
²Pneumotórax. Outro poema do Bandeira que trás a desorganização da arte e traduz o mal que o atormenta.


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