A decepção não é privilégio de
alguns. O sofrimento é o que há de mais democrático no mundo. Contra
sentimentos, não há totalitarismo que proteja e a decepção é um deles. No entanto,
para haver decepção deve, em algum momento, deve haver o romantismo.
O romantismo que faz um homem
pensar que outro homem, da mesma essência dele, é capaz de lhe proporcionar
algo prazeroso, faz com que expectativas sejam criadas. Pessoas movidas por
paixões, romantizam a vida e mesmo quando chegam à verdade sobre o homem, exclui
alguns poucos do grupo de ignóbeis criaturas. Ao excluir um igual dentre os
iguais, há primeiro a retina ingênua de enxergar um "que" de diferente e depois,
a decepção por se deparar com a mesma substância podre. Assim é a paixão: uma
miopia grave, mas reversível.
A paixão é uma doença porque
desvia o homem do real caminho de sua felicidade. Quando um homem entende que a
paixão que pode levar-lhe à sua felicidade depende de outra coisa que não
depende dele próprio, deve estar consciente de que aquilo que ele não pode
controlar volta-se contra ele.
Fazer o seu prazer depender do
outro é uma atitude masoquista e míope no mais alto grau. Evitar decepcionar-se
é evitar a paixão. É descobrir que sozinho, o ser humano se basta. As pessoas
têm que ser tratadas como iguais e para saber em que consiste essa igualdade,
deve-se pensar em uma única palavra: egoísmo.
A mais dura decepção não é quando
você vê as pessoas como mais ou menos boas. A mais dura decepção é quando você
entende que o ser humano não é digno de promover o bem de outro, mas mesmo
sabendo disso, você exclui alguém desse grupo e esse alguém o engana. A culpa
foi de quem lhe decepcionou ou sua de criar expectativa?
A culpa é sua. Não só a culpa,
mas toda a insanidade, cegueira, visão errada, distorção, romantismo, utopia e
fraqueza. Esperar altruísmo no estado divino de um ser humano da mesma essência
sua, é como esperar que um vulcão em erupção espalhe mel.
O utilitarismo da decepção é o
ceticismo. E aí você percebe a verdadeira utilidade do outro em sua vida. Dessa forma, você
deve agradecê-lo por ter-lhe curado de todas as ridículas obsessões pelo amor a
outro ser humano.
Brindemos a isso, pois!
Brindemos a isso, pois!
Hellen Taynan --- 13/07/2014 --- 14:25
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