segunda-feira, 1 de maio de 2017

Das vezes



Da primeira vez deu angústia.
Um nó na garganta, uma dor no peito
Era difícil respirar, dormir, falar, viver.

Depois fui digerindo.
Aceitando a condição de não ter nenhum direito.

Da segunda vez descobri que a primeira
Na verdade era terceira.
E na segunda descobri da segunda e da terceira.

Já não doeu tanto assim.
Assumi o meu papel,
Esse me é dever
Tomei a decisão
Que já passara da hora!

Mas por medo de perder ou por talvez aparente
Sede de ninho e segurança,
Correu de volta pra mim
Mas não se demorou muito.
Passou correndo, nem fez parada.

Conselhos só para afastar.
Acender a luz e apagar.
Afinal o que vale a vida?
Quais conselhos tem pra dar
Quem no amor foi fracassado?

E então teve a quarta vez.
E de primeira vez e já é família!

Quase doeu,
Quase pensei em querer saber:
Por que me castigar assim?
Só que dessa vez...

Dessa vez deu preguiça.
Coloquei meus patins e fui viver sem dor
Pela primeira vez.



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