Hoje eu ví Lou Lou morrer.
Morreu por minhas mãos.
Lou Lou era linda. Clara, transparente. Minha grande amiga. Confidente e cúmplice. Escondia meus segredos e maquiava meus deslizes. Ela me chamava atenção e até brigava quando necessário. Era a única que me respondia aqui em casa, discernindo minha consciência. Por ela eu sabia meus limites e até onde eu podia ir. Sabia se precisava frear um pouco ou se estava devagar demais.
Eu nunca seria capaz de assassinar um ente detentor de uma verdade tão exata, fria e até cruel. Lou Lou jamais usou de eufemismos comigo, sempre disse tudo na hora que eu precisei. Em qualquer momento do dia que eu precisava dela, lá estava ela pronta. Bastava um toque e ela já entendia toda minha angústia em busca de sua amizade. Fizemos tantas selfies juntas. A última eu nem publiquei, mas farei isso em breve como última homenagem a essa amiga tão querida que me acompanhou por anos.
Se as coisas iam bem, estava tudo bem. Se não iam, eu fazia um sinal de silêncio pra ela e ela nunca me decepcionou! Sempre soube guardar segredos. Simplesmente porque confiava em mim. Sabia que em pouco tempo eu iria procura-la com uma boa notícia, mostrando que era capaz de estar tudo bem outra vez.
Nesse momento, eu choro olhando pra ela morta assim no chão, eu não dei nenhuma chance de defesa a ela. Foi um golpe certeiro e nem que eu quisesse poderia juntar tudo para voltar atrás e tê-la de volta. Eu acertei com um rodo de passar pano por acidente enquanto limpava a casa. Quando olhei, já era tarde. Lou Lou estava morta.
A sensação de ter perdido uma grande amiga, de saber que vou dormir hoje, sem ter o boa noite dela e acordar amanhã sem o bom dia. A ideia de que agora nunca mais vou ter Lou Lou pra me dizer se estou indo dormir com o mesmo peso que acordei me dói profundamente.
Vai em paz, minha balança querida.
Eu te amei mais do que todos esses cacos de vidro que sua destruição espalhou pelo chão.
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