quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

MELÍNDRIA, mais uma cidade do Reino de GOSPELÂNDIA.

Disponível em: Ortopraxia



Estava eu voltando para casa esses dias quando me deparei com mais uma cidadezinha da Gospelândia. Na verdade é uma cidade bem grande, tem porte de capital e uma população enorme. Estou falando de Melíndria. Um lugar aparentemente simpático, mas que esconde coisas terríveis. Localizada no estado do Antropocentrismo, fazendo fronteira com o Egoísmo e com a Soberba da Alma.
Lá se vive um total clima de terror resultante das expressas proibições. Em Melindria é proibido discutir, contrariar, criticar, questionar! Em suma, na grande cidade é melhor NÃO PENSAR!  
Os melindrinos (ou melindoros, ou ainda melindrados) são zumbis vivendo sob a batuta dos seus pastores, bispos, apóstolos, pai-póstolos, querubins...Esses por sua vez mantém os melindrinos em total contato com o egoísmo e com a soberba da alma. Isso é feito nas diversas viagens através dos sermões preparados para promover a glória do dEUs.
Como todo bom cidadão da Gospelândia os moradores de Melindria não querem, não precisam e não podem pensar. Eles apenas repetem os mantras, os ritos, os jargões. As frases de efeito sempre estão nas bocas dos melindrinos que as repetem constantemente como gritos de vitória.
Em Melindria há muita religião, mas nenhuma comunhão com Deus e o amor ao próximo é confundido com aceitação irrestrita de todas as mazelas do “objeto do seu amor”. Se um cidadão local cometer algum ato contrário a Deus, a única coisa a ser feita é orar por ele, mas sem jamais confrontá-lo, exortá-lo a mudar de postura. Até porque na concepção da Gospelândia todos tem razão e a verdade de cada um depende de como ele ver a vida.
Os pastores, bispos, apóstolos, enfim, os integrantes do clero Melindrino NÃO ERRAM, NÃO PECAM e aí de quem ousar tocar nos “ungidos do sinhô” e dizer que nalgum momento esses varões valorosos cometeram qualquer erro ou pecado.
“Os Levitas de Melindria” representam outra casta intocável. Por mais que muitos deles digam e cantem verdadeiras aberrações, ninguém, absolutamente ninguém tem o direito de dizer nada. A desobediência resultará em excomunhão, julgamentos, “praga Gospi” e todas as outras mazelas até a sétima geração do miserável que atacar “os Levitas de Melindria”.
- Ah! Melindria não existe pastor, pare com essa viagem louca! Você poderia me dizer.
Existe sim meu irmão, e cada um de nós por muitas vezes, morou em Melindria, agiu como um cidadão de lá. Tente lembrar quantas vezes você se irritou ao ser exortado, admoestado em virtude de algo contrário ao caráter do Senhor. Busque na memória as vezes em que ficou chateado quando algum irmão disse que sua postura estava errada. Todo cristão infelizmente algumas vezes é um melindrando.
O grande desafio é não viver o tempo inteiro sob a ditatura de Melindria. Precisamos sentar com os irmãos que agem de forma contrária ao Senhor e usar o princípio bíblico, exortando-os a mudarem as coisas, a refazerem os caminhos. Mas também devemos estar prontos a humildemente ouvir as exortações de irmãos queridos.
Para os pastores é mais difícil ainda sair de Melindria, pois muitas vezes somos vistos como seres inerrantes, infalíveis, muito mais íntimos de Deus, e com isso, não admitimos ser vistos como pecadores. Ah queridos, essa talvez seja nossa maior mazela... Carecemos imediatamente admitir nossa completa pecaminosidade e falibilidade, dependendo exclusivamente de graça de Deus. Somos desgraçados pecadores! Não somos super-crentes!
Cada cristão deve orar ao Senhor Deus para que o livre das garras dos ditadores de Melindria. Na maioria das vezes os grandes déspotas que nos prendem a Melíndria são nosso orgulho, soberba, arrogância... Enfim, nós amamos tanto nosso ego que não aceitamos quaisquer repreensões e correções. Nossos ditadores tornam-nos crentes “não me toques”.
Devemos então voltar-nos para Escritura, dependentes da misericórdia do Senhor para que sejamos conduzidos para fora de Melindria e cada dia mais para junto do trono da graça.
Que o Senhor nos cuide!
 Pr. Caco Pereira

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