terça-feira, 19 de maio de 2015

LEGAL É SER NORMAL


Esse é um daqueles textos que a gente passa dias matutando sobre o assunto e uma vida inteira lutando contra o fatídico destino de estar fora da curva do que é ser normal. 

Eu preferia não ser essa metamorfose ambulante e de longe eu desejava ter essa riqueza que ninguém consegue perceber. Porque essa grandeza de ter um olhar diferente para as coisas e de conseguir acumular tarefas não é honra. Ter ao mesmo tempo inclinações artísticas, científicas, literárias, culinárias, espirituais, linguísticas e filosóficas não é mérito! Ao contrário, fazem de mim uma pessoa marginalizada e evitada nos grupos uma vez que eu estou simplesmente fora do padrão.

Pessoas fora do padrão que conseguiram respeito e um dia abriram a boca para falar que o barato era ser diferente, foram pessoas de grande notoriedade na mídia. Atores, cantores, escritores, roteiristas, diretores e compositores. Pessoas que nunca estiveram nem aí pro que falassem se aparecessem com a bunda exposta na janela, por exemplo. Pessoas que podiam abrir a boca e gritar pro mundo: estou me lixando pra vocês!

Mas eu? 
É... Também estou me lixando pro mundo (embora não vá mostrar minha bunda). A grande questão, é que o mundo também está se lixando pra mim. No caso dos que ganham notoriedade da mídia (fama), qualquer coisa que eles falam vira poesia. Qualquer música que eles escrevam, fica famosa e qualquer livro, vira best seller. 

Não. Não é bom ser diferente. Não é legal estar fora do normal. A sociedade não te aceita. Os grupos de amigos não te aceitam. As organizações não te aceitam. Nenhuma empresa vai querer um funcionário como você. 

Não me iludo. Os meus talentos nunca compensarão meu temperamento difícil. Além do que, nenhuma empresa precisa de uma pessoa com tantos talentos assim.

Lembro do meu primeiro emprego. Lembro do dia em que fui demitida e do motivo de minha demissão. As palavras foram: você é boa demais para o cargo, está se perdendo na função, mas nós não temos nada melhor para lhe oferecer.

Nessas horas, me vem à mente o Hino de Duran e penso se meu fim será esse... 

A sociedade que te despreza, é a mesma sociedade para a qual eu sou nociva e faço mal. É a mesma sociedade também que elabora as leis. É a mesma que julga e condena, mas depois volta e come os restos de quem matou.  Afinal, a sociedade precisa se sustentar. Que seja pois, da desgraça do outro.



E se definitivamente a sociedade

só te tem desprezo e horror
E mesmo nas galeras és nocivo,
és um estorvo, és um tumor
A lei fecha o livro, te pregam na cruz
depois chamam os urubus



Não. Definitivamente, não é bom ser diferente e estar escrevendo esse texto. Legal mesmo é ser assim como você que está lendo. 

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