Beethoven, Wagner, Bach, o mestrado e eu.

Fosse Beethoven e todos os seus Allegros, me encheria de certezas e conforto que chegaria onde quisesse.
Esse otimismo exacerbado em ver o espírito allegro de Beethoven e toda a paz que ele transmite em sua liberdade de expressão musical definitivamente não estavam comigo nesse dia.
A ópera de Wagner estava.
Confesso que me esforcei, como boa discípula a entender a complexidade de Wagner, mas como Fritz rompeu com ele, acabo agradecendo (mais uma vez) a ele, por me livrar do peso desses acordes que invadem meus ouvidos e chegam a minha mente e, acreditem, não me deixa muito relaxada.
Estava eu ouvido Wagner quando o edital da seleção do mestrado foi publicado.
Li. Atordoada e tomada de um pessimismo digno de Sartre, me entristeci achando que não seria capaz de seguir em frente. Outrora, esse foi um sonho muito distante.

Mas...

A vontade de potência, maior que o próprio desejo e impulsionada pelo sonho, me fizeram ir adiante. Troquei Wagner por Bach e percebi que a perfeição em utilizar o quarto dedo com maestria tornava tudo o que é difícil, perfeitamente possível.

Venci obstáculos. Saltei abismos, caminhei desertos, venci naufrágios...

Fui desafiada. Humilhada. Ameaçada.

Gente que eu precisava que acreditasse em mim e estivesse do meu lado e que disse em público que faria o que fosse para me atrapalhar onde eu estivesse.

Mas quando se acredita no que se sonha, quem puxa seu tapete acaba escorregando e você voa por cima dele. Não preciso caminhar em tapetes para chegar onde quero. Meu caminho foi de espinhos, cacos de vidro e brasa viva.

Eis-me aqui!

Aprovada em segundo lugar em um dos melhores programas de pós-graduação do país.

E a força de quem me puxava pra lama, não foi maior dos que me deram a mão para vir à tona.

Obrigada, amigos.
Obrigada, anjos.

E repito... Minha maior alegria, continua sendo deixar quem eu amo alegre!

Família. Amigos. De perto ou de longe que me guardam no coração.