sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Volatilidade*

16:39 - Eu que queria liberdade, estou trancada num carro com os vidros fechados. À minha direita, o mar, mas eu nem o vejo. Lá fora tem um vento tão forte que o carro balança comigo dentro. O vento me diz que eu devo ser levada daqui e também desse mundo. Uma pessoa que acredita no amor livre, não pode ter a obrigação de escolher entre o amor e a liberdade.
Ninguém sabe que estou aqui. Ninguém sabe onde é aqui e ninguém se importa com isso.
Eu descobri que a passagem pro inferno é a impulsividade. Estou visitando o inferno pela 2ª vez em menos de 2 meses. Se a frequência continuar, talvez por impulso, descuido ou displicência eu ponha fim na vida e vá morar lá. Afinal, a culpa, a dor, as lágrimas e, principalmente, o arrependimento vivem por lá e já conhecem o meu nome. Pelo menos eu não estaria sozinha. E sabe de uma coisa? Se eu quisesse solidão, eu procuraria outro lugar, pois a solidão é o tédio que as pessoas confundem com paz.
...
O dia frio e cinza, também é iluminado pelas lembranças.
17:01 - Pausa.
Choro. Soluços. Lágrimas. Dor.
...
17:10 - É engraçado como as pessoas só querem das outras a melhor parte, né? No filme "Deus não está morto", uma cena, mostra uma moça, blogueira que tem um namorado bem-sucedido e extremamente materialista. Ela também o é, mas aí ela descobre que está com câncer em um estado muito avançado e, em um jantar, ela conta a ele. E o que ele faz? A deixa. Ela era "a namorada sexy e jovem com uma profissão chique", mas agora o que é? É muito bom sentir o perfume, conversar besteira, compartilhar sucessos, receber elogios, dizer que gosta, que se preocupa... É lindo. Mas... Não falhe, por favor! E se falhar, deixemos para conversar depois.
...
Está caindo a tarde.
Estou enxugando as lágrimas.
Vou dar a partida no motor.
Às vezes eu tenho a impressão que quando eu ligar o carro, ele vai explodir! Seria boa ideia para hoje!
...
Liguei o carro.
Não explodiu.
Luta injusta. Estou sozinha.
Mas eu sempre estive.
Eu nasci e está perfeito.
Não terá depois.

FIM! 17:22


*O cúmulo do meu ódio em dar satisfação: ter que EXPLICAR o sentido do texto que eu escrevo para quem não consegue entender e acha que tudo sou eu. O texto refere-se a uma reflexão sobre a personagem do filme "Deus não está Morto que descobre o câncer". A volatilidade diz respeito ao amor, que não é líquido e sim, gasoso.
É isso!
Ou?

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